domingo, 13 de maio de 2012

Desenvolvimento Pós Prática (PPI - Post Practice Improvement) - Evolua durante os intervalos de estudo.



Eu sempre percebi que depois que eu faço um estudo no piano, no dia seguinte quando eu vou executar este mesmo estudo ele sai com mais facilidade, o que é normal claro, mas parece que não pelo tempo que eu me dediquei no dia anterior apenas. Mas por um amadurecimento daquele conhecimento no período em que eu não toquei.

O texto abaixo é muito interessante para todos os estudantes de piano, pois tem dicas sobre o PPI (Post Practice Improvement), que explica esta impressão que tenho. Na verdade o PPI é bem mais comum do que imaginamos, e se bem utilizado pode ser um grande aliado, ou um grande inimigo de nosso estudo.

A evolução de aprendizagem no piano resulta de duas formas principais de aprendizagem:
A primeira é mais óbvia, e provém da aprendizagem das notas e movimentos dos dedos, isto resulta em uma melhora imediata. Isto acontece pelos exercícios que você já tem a técnica para tocar. 

A segunda forma é chamada de Desenvolvimento Pós Prática (PPI - Post Practice Improvement no original), que resulta de alterações fisiológicas. Este é um processo lento de mudança, que ocorre ao longo de semanas ou meses, porque requer o crescimento de nervo e células musculares
Portanto enquanto você pratica ao piano, tente utilizar a seguinte metodologia por experiência. Pratique o exercício por 10 minutos, pare com ele e passe a fazer outro exercício, ou algo nada a ver com piano. Retorne ao exercício anterior e após fazer a sequencia por vários dias sua técnica estará a melhorar por si só. Melhor do que se tivesse concentrado várias horas seguidas no mesmo tema. Então quando você se senta ao piano no dia seguinte, percebe que pode tocar melhor ainda do que no final do exercício do dia anterior. Isto é o "Desenvolvimento Pós Prática".

Se você fizer isto apenas por um dia o efeito não é tão grande. No entanto o efeito acumulativo ao longo de meses ou anos pode ser enorme..
Geralmente é mais rentável praticar várias coisas de uma só vez, e deixá-las todas evoluirem ao mesmo tempo (enquanto você não está praticando), do que trabalhar muito duro com um único exercício. Praticar muito tempo um mesmo tema pode prejudicar a sua técnica se levado a um ponto de stress, lesões, ou má postura. Você tem que praticar uma certa quantidade mínima de repetições para o PPI ter efeito, mas como estamos falando de trechos curtos isto deve levar apenas alguns minutos. 

Portanto não se preocupe se você praticar muito, mas não perceber uma melhorara imediata. Isto pode ser normal para certos trechos em particular. Se você já está executando um trecho a um bom tempo, e já não há mais erros a serem corrigidos é hora de parar e deixar o PPI assumir, depois de ter certeza que você fez repetições suficientes para PPI. Além disso, certifique-se de praticar bem relaxado para não criar PPI de movimentos forçados, o que não traria benefício algum. O mesmo vale para fazer o exercício errado, pois irá se passar para o corpo um modo errado de evoluir.

Existem vários tipos de PPI, classificados por exemplo na duração do tempo com o qual o PPI se torna eficaz. Os menores tempos são associados com o condicionamento, como o uso de movimentos  ou músculos que nunca foram utilizados antes. Você percebe claramente isto com o dedo mínimo (5) utilizado nos exercícios de blues por exemplo. São movimentos novos para a maioria dos estudantes de piano na fase inicial.
Tempos intermediários de várias semanas são associados a conexões nervosas novas, e tempo mais longos podem ser associados com o crescimento real de células musculares e  ativação de áreas cerebrais.

Muitos alunos não conhecem as regras para se aproveitar o PPI e dizem que tocam pior no dia seguindo. A maioria deles utiliza incorretamente a prática rápida e lenta. Por isto vamos discutir as regras para a escolha das velocidade de práticas corretas. Qualquer stress ou movimento desnecessário durante o exercício irá comprometer o PPI, pois pode se tornar um mau hábito. O erro mais comum é negar o PPI e deixar o treino (ou seja, parar com o piano por aquele dia) tocando o exercício muito rápido, antes da perfeição prática. A última coisa que você faz antes de sair deve ser o exemplo mais correto e melhor que você pode alcançar. Geralmente se recomenda fazer com baixos andamentos para que o PPI “memorize” a perfeição dos movimentos.
Um outro cuidado é misturar obras que contêm exercícios difíceis/fáceis e rápidos/lento de forma que não haja um número mínimo de repetições. O processo torna o PPI confuso porque mistura numa grande proporção materiais fáceis com um pequena quantidade de difícieis, vários movimentos e alterações de velocidade. Neste caso eu recomendo o seguinte. Treine por trechos, e atinja a perfeição em cada trecho, para o PPI ter um ótimo efeito.
O PPI não é nada de novo, podemos citar três exemplos bem conhecidos: O fisiculturista, o maratonista, e o golfista.
Durante o levantamento de peso, os músculos do fisiculturista não crescem, ele apenas vai de fato perder peso. Mas durante as semanas seguintes, o corpo vai reagir ao estímulo e aumentar os músculos. Todo o  crescimento muscular ocorre após o exercício. Assim o fisiculturista não mede a quantidade de músculo com a quantidade de peso a mais que ele pode levantar no final do exercício, mas em vez disso concentra-se em realizar o exercício que produz o condicionamento adequando. A diferença é que para o piano estaremos desenvolvendo coordenação e velocidade, em vez de força muscular e massa.


Outro exemplo é o maratonista:


 Se você nunca correu um kilometro na sua vida, e tentar fazer pela primeira vez, você pode ser capaz de corre uns 200 metros antes de parar para descansar. Se depois do descanso correr novamente é bem provável que canse antes dos 200 metros. Assim a primeira execução não resultou em nenhuma melhoria aparente. No entanto, no dia seguinte, você poderá ser capaz de correr uns 300 metros antes de se cansar. Isto é Desenvolvimento Pós Prática! 


            Os jogadores de golfe estão familiarizados com o fenômeno no qual eles podem bater bem na bola em um dia e no próximo bater muito mal. Isto porque pegou um mau hábito. Para corrigir eles trocam o taco por um que facilite a jogada, mesmo que há distâncias menores, para restaurar a práticar. A analogia é que tentar tocar peças ou exercícios mais complexos, pode arruinar o PPI se feito da forma errada. E para corrigir devemos deixar a seção de treino do dia praticando algo mais simples, de melhor domínio.







O PPI ocorre principalmente durante o sono. Você não pode reparar um carro em movimento, a maior parte do crescimento e manutenção do seu corpo ocorre enquanto você dorme. Este sono deve ser normal, tipo durante a noite e com todos os seus componentes principais. Os bebês precisam dormir muito porque estão crescendo rapidamente. A melhor prática para o PPI seria tocar a noite, antes de dormir, e rever o exercício pela manhã seguinte. 


Material traduzido, e adaptado por J.Dionatan

Agradecimento ao colega do fórum de teclados: TG Aoshi

2 comentários:

  1. Muito bom. Estou iniciando nos estudos de teclado, mas quero desenvolver uma técnica pianística.

    Que bom que existe este blog para orientar essa minha caminhada.

    Abraços

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  2. Parabéns, J.Dionatan!
    O seu blog é muito bom. Possui muitos ensinamentos e é perceptível que você os transcreve com desejo de ensinar. A transmissão de conhecimento é algo nobre e dom de poucos.
    Acabei de conhecer o seu blog e perfil, e serei desde já um frequentador deste ambiente.
    Que Jesus e Maria o iluminem ainda mais!
    Até...

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